Bondes no Brasil

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21 de janeiro de 2020

Bondes no Brasil

Bonde sobre Arcos da Lapa - Rio de Janeiro - Década de 40 - Foto de Jean Manzon.


Há muitas razões pra alguém que gosta de ferrovias também gostar de bondes, afinal, não deixam de ser uma ferrovia, não é mesmo? Quem viveu a época áurea dos bondes no Brasil sempre se lembrará com ternura destes pequenos personagens urbanos, lentos e lotados, porém sinlenciosos e muito charmosos! Pareciam se encaixar tão bem à paisagem urbana da virada do século XIX para o XX!

Mas de repente se viram obrigados a dar lugar ao automóvel, que já não suportava mais dividir espaço com os bondes, sempre a lhes atrapalhar o trânsito (como se eles próprios, os automóveis, não se atrapalhassem). Hoje podemos constatar o quanto o automóvel é prejudicial à qualidade de vida nas cidades. Impossível não fazer comparações e tentar adivinhar se essa história seria diferente se os bondes tivessem perdurado, talvez não nos moldes de antigamente, mas adaptados às necessidades do homem moderno. Na Europa os "tramways" e VLTs (Veículo Leve sobre Trilhos) são numerosos, várias cidades os utilizam como solução ao caos que representaria o transporte baseado unicamente no automóvel.

Para quem quer conhecer um pouco mais a respeito da história deste importante meio de transporte no Brasil de antigamente, vale a pena acessar de graça o livro online "The Tramways of Brazil" (Os Bondes do Brasil) de Allen Morrison, pesquisador americano, que destaca:

  • em 1859 o Rio de Janeiro iniciou operação com bondes antes de toda a Europa (exceto França);
  • o Brasil teve um dos primeiros sistemas movidos a vapor;
  • o Brasil foi o primeiro país a ter locomotivas a vapor especialmente projetadas para rodar em ruas;
  • o Rio de Janeiro teve um dos primeiros sistemas elétricos do mundo;
  • Niterói parece ter sido a primeira cidade do mundo a ter bondes movidos a bateria;
  • o Brasil teve a maior frota de bondes abertos do mundo;
  • o Brasil teve a maior frota de bondes americanos, fora dos EUA;
  • às vésperas da II Grande Guerra, 4.200 carros de passageiros circulavam em cerca de 2.250 km de linhas. Companhias canadenses operavam 2.200 carros, americanas cerca de 900, inglesas 400 e brasileiras o restante.
  • em 1940, no seu apogeu, havia 30.000 empregados nessas companhias, que transportavam 1,5 bilhão de passageiros ao ano.

O leitor Paulo Dias me enviou também uma dica ótima: "Bondes do Rio de Janeiro", um site muito legal sobre tudo a respeito dos bondes no Rio. Ele diz:

"É um site que conta toda a história dos bondes do Rio de Janeiro, com o início, o auge, a decadência e o fim do serviço. Mostra também dados técnicos, linhas, empresas, curiosidades do cotidiano, fotos e vídeos. É ótimo para quem quer conhecer mais sobre este eficiente serviço que infelizmente acabou em 1967".

Alguns "heróis da resistência" foram preservados como atração turística em museus, mas realmente operando há somente 4 sistemas em todo o Brasil. Desses, o único a operar ainda como meio de transporte público é o do bairro Santa Teresa no Rio de Janeiro com duas linhas: Paula Matos e Dois Irmão. Os outros servem como linhas turísticas nas cidades de Santos, Campos do Jordão e Campinas. Há mais dois sistemas de bondes no Brasil a operar regularmente, mas sem suas características originais. São os do Museu do Imigrante em São Paulo e o de Belém do Pará, que trocaram os motores elétricos por motores à explosão.

Campinas foi uma das primeiras cidades a eletrificar uma linha férrea no mundo, neste caso a de seus bondes, cujo serviço durou até 1968. Quatro anos após a extinção do serviço o então prefeito Orestes Quércia, ao inaugurar o parque mais famoso da cidade, inaugurou também como atração, um circuito com o material remanescente dos bondes da cidade.

"Em sua categoria é um dos mais antigos bondes do mundo e indiscutivelmente o mais fotogênico" - "O que pode ser mais legal que um passeio num bonde aberto ao redor de uma lagoa em um parque?" - escreveu Allen Morrison em seu livro.

Já fiz esse passeio várias vezes e tenho que concordar com o americano.

Felizmente há muitas fotos de bondes no Brasil. Escolher dentre tantas fotos somente algumas para ilustrar o post seria uma tarefa ingrata, visto que muitas cidades por todo o Brasil tiveram bondes e de todos eles foram feitas fotos belíssimas. Privilegiar algumas em detrimento de outras seria uma injustiça. Escolhi então para abrir o post o que para mim é a foto de bonde mais bonita do mundo, de Jean Manzon, talvez não por acaso feita justamente no Rio de Janeiro, uma cidade que dispensa maiores comentários sobre sua beleza. Trata-se do bonde de Santa Teresa, atravessando os arcos da Lapa. Imagine fazer esta travessia equilibrando-se num bonde aberto?! Há, ou já houve, algum outro bonde no mundo que proporcionasse tamanha emoção aos seus passageiros? Difícil.

No próximo post, um pouco sobre bondes no ferromodelismo. Assine agora os boletins do Minitrem.com colocando seu email no campo "Acompanhe o Minitrem", aí ao lado direto do site, na parte superior. Você também pode acompanhar as novidades via RSS ou Twitter.

Referências



Primeiro bonde elétrico em Campinas, 1911.

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