A AMFEC - Associação de Modelismo Ferroviário de Campinas - foi fundada em 2007 por um punhado de marmanjos que gostam de trenzinhos ;^). Sua primeira diretoria, e que atualmente está em seu segundo mandato, conseguiu o incrível feito de sair do zero e construir uma das maiores maquetes de que tenho notícia no Brasil. São centenas de metros de trilhos bitola 16,5mm concebida para rodar trens na escala H0 (embora eu pretenda rodar composições 00 - 1:76, só pra contrariar :^). Ela ainda não está pronta, é claro, como você poderá conferir nas fotos deste post, mas já conta com várias linhas operacionais, sistema de DCC instalado, AMVs operados por DCC e funcionamento slow motion, além de outros bordados tecnológicos.
Quando me associei no início de 2008 (depois de um looooongo tempo afastado do hobby), a maquete já tinha todas as bancadas prontas e instaladas e o assentamento dos trilhos já estava nos finalmentes. Minha contribuição ficou por conta de ajudar no paisagismo, pintura e envelhecimento, já que tinha alguma vocação artística. Comecei pintando e envelhecendo uma ponte de pedra da Faller. O resultado ficou bom e aí me fizeram o "pintor oficial" da turma :^) Muito legal pois é justamente lidar com tintas, cores e formas o que eu mais gosto de fazer na maquete da AMFEC.
Um dos trabalhos prioritários era definir o paisagismo da área da ponte de madeira treliçada, pois sem finalizar o paisagismo dessa área a ponte não poderia ser instalada e a linha não poderia ser utilizada. Sugeri o uso de grama estática em toda a maquete e para demonstrar seu alto grau de realismo, construí um aplicador e fiz um pequeno teste logo atrás da tal ponte (primeira foto do post). Outra vantagem da grama estática é a possibilidade de fazer capim alto em grandes áreas: até hoje não achei nada que representasse melhor esse tipo de vegetação. As cores ainda precisam ser ajustadas, talvez com aerógrafo ou drybrush... Me pergunto se há outras maquetes no Brasil que utilizem esse material.
Outro troço muito legal em matéria de paisagismo é a utilização de espuma de poliuretano como enchimento de áreas de floresta fechada. Ficaria desnecessariamente caro e demorado fazer florestas com árvores completas, então apliquei a tal espuma em pontos estratégicos do vale atrás da ponte treliçada e pintei de verde. Depois do susto da galera e de muita zoação (coco de vaca fora de escala foi a mais leve :^) e com a ajuda dos demais associados, fui aplicando a vegetação (Foliage Clusters da Woodland Scenics) sobre a espuma com cola branca. Depois de recobertos com a vegetação, estes pontos de floresta receberão árvores completas ao redor, para aumentar o realismo de cada bosque e eliminar a aparência Teletubies que a área parece ter agora :^).
A geografia da maquete já estava definida quando comecei os trabalhos de paisagismo, mas mesmo assim não há projeto bem pensado que consiga evitar mudanças de última hora. Acrescentamos, sempre com a aprovação do diretor da maquete e dos demais colegas, morros, barrancos, cortes e outros acidentes geográficos e obras de arte que não estavam no script. Um deles que está ficando particularmente interessante é o corte no morro imediatamente anterior à ponte treliçada.
Originalmente era pra ser um túnel. Sugeri um corte, pois já havia mais de uma dúzia de outros túneis espalhados pela maquete, além do fato de ser o alto de uma serra, muito apropriado para se fazer um corte.
O corte em curva apresentou alguns desafios interessantes. As paredes eram em curva, então as fiz, com a ajuda do Denilson Sanaiotti, com espuma flexível. As rochas fizemos com gesso, moldadas em moldes de borracha da Woodland. A coloração deu trabalho: tentei duas vezes e só na terceira ficou razoavelmente realista. O resultado você confere nas fotos acima.
Algumas das maiores pontes da maquete foram feitas do zero pelo presidente da associação, Marco Aurélio e seu pai, e pintadas e envelhecidas por mim e Paulo Vitale, diretor da maquete. Elas podem ser apreciadas na foto acima: a primeira, uma ponte em curva de concreto e a segunda, logo em seguida, também de concreto, mas em arcos e comportando duas linhas. Esta ponte deu um trabalhão e envolveu em sua construção e acabamento o Marco, o Paulo, eu e o Pedro Etter.
Mas de longe o trabalho individual mais primoroso (e penoso) da maquete até agora foi o que o masoquista-mor da turma, Paulo Vitale fez para o deleite de todos os associados. Vareta a vareta, num típico trabalho de chinês condenado, o Paulo construiu o que sem dúvida será o xodó, o brinco da princesa, a menina dos olhos da maquete: a ponte treliçada em madeira. Ela descreve uma curva (o que per si já aumenta consideravelmente o trabalho da construção) por sobre um dos maiores penhascos da maquete, um túnel duplo e finalmente a saída (3 linhas) do pátio principal (9 linhas). Quando ela estiver instalada, dedicarei um post só pra ela.
O Ferromodelismo é uma atividade multi-diciplinar, é preciso entender e saber fazer um pouco de tudo. Na AMFEC temos a sorte de ter entre nós pessoas muito talentosas e que entendem muito (ou estão dispostas a aprender muito) de eletrônica, de marcenaria, de modelagem com gesso, com plástico, com madeira e metais. Gente como o Chico Trem, que sai de Jaguariúna de ônibus e chega cedinho pra ajudar a todos. O Val que sabe tudo de DCC e topou quebrar a cabeça pra deixar o sistema digital da maquete nos trinques. O Paulo Filho que conhece eletrônica como nenhum outro. O Adriano, o Denilson, o Mozart Franco, o Paulo Sérgio, o Celso Rede, O Bim-Bim, o Rafael Clever, o Luís Astiarraga, o Flávio Fernandes, o Ademir e todos os outros sócios que semanalmente comparecem na associação para ajudar no que puderem. O que um não sabe, outro sabe e ajuda. E assim vamos trabalhando para, se o Cara lá em cima quiser, inaugurar a maquete ainda no primeiro semestre de 2009. Prazo meio apertado, mas como diria o comercial da Adidas "Impossible is Nothing" :^).
A maquete está sendo construída na antiga cabine de controle Nº2 do pátio central de Campinas. A vista é privilegiada e deslumbrante para um ferrofã: de um lado a enorme plataforma de embarque da antiga estação ferroviária central de Campinas (Cia Paulista). Do outro a majestosa oficina da Cia Mogiana, um prédio belíssimo. À frente o antigo pátio da Paulista (infelizmente sem uso ferroviário) e por onde ainda passa, quase raspando a cabine, uma linha da larga utilizada pela MRS que nos brinda, todos os sábados, com várias composições de carga, subindo e descendo o corredor para o porto de Santos.
Pretendo ir publicando o progresso da construção sempre que for possível e tutoriais sobre algumas das técnicas utilizadas na maquete da AMFEC, então fique ligado. Pra não perder esse trem, inscreva seu email na caixa "Novidades via Email" do blog.
Veja um álbum de fotos da construção da maquete num outro post.
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