As simulações visuais são uma importante ferramenta nas mãos de qualquer construtor, em qualquer ramo de atividade humana. Na arquitetura, engenharia, cinema, decoração, paisagismo, design industrial, propaganda e marketing, enfim, em qualquer projeto que envolva decisões estéticas, lá está (ou deveria) a simulação gráfica para experimentar e testar cores, formatos, arranjos, texturas e etc.
No ferromodelismo considero este tipo de simulação crucial. Não só por que pode literalmente salvar caminhões de dinheiro que fatalmente seriam desperdiçados em materiais e utilizações equivocadas, mas também porque economiza tempo e saúde mental.. :^) Imagine investir dinheiro e tempo numa ponte que no final das contas não agregou à sua maquete o valor que você esperava? Ou uma vila que no contexto ficou pequena demais (ou grande demais)... ou que simplesmente não tem um estilo que "case" com o resto da maquete... Uma rampa deve ser suspensa por colunas de concreto, ou madeira, ou por aterramento? qual dessas opções ficaria melhor em minha maquete? São coisas difíceis de se visualizar apenas com a imaginação e uma simulação gráfica pode ajudar e muito nestes casos.
Simulações para a AMFEC
Já tem algum tempo que ilustrei para a AMFEC a cena que abre este post. Foi feito afim de testar uma nova idéia para um dos cantos da maquete. Fiz à mão utilizando um software de pintura digital (Painter IX).
Quando me associei, havia originalmente para aquele canto o projeto de um vale com duas linhas, um rio, uma estrada de terra e uma represa com hidroelétrica e tudo... no projeto em planta baixa esta idéia inicial parecia viável, mas quando se começou a colocá-la em prática constatamos que era coisa demais para o espaço. Além disso o desnível entre as linha superiores e as do interior do vale é grande, fazendo com que estas ficassem "fora de vista" quando observadas do ponto de vista de quem visita a maquete. Mais à frente estas duas linhas do interior do vale se juntam a outras da área para atravessar a desembocadura do vale, cada uma com sua própria ponte e uma dupla de portais de túnel. Na prática o que aconteceu foi algo também muito pouco real e visualmente muito desconfortável: uma profusão de pontes e túneis. E a principal estrutura da área, uma ponte de concreto em arco, certamente desapareceria em meio a toda essa poluição visual.
Modificar o traçado para aliviar a área estava fora de cogitação. A solução para o problema teria de vir de alternativas cosméticas, paisagísticas. Sugeri então abandonarmos a idéia da represa e da hidroelétrica: isso nos permitiria pensar numa montanha ao invés de um vale. E esta montanha por sua vez poderia esconder sob ela uma ou duas das linhas do interior do vale. "Sumindo" com essas linhas automaticamente eliminaríamos a necessidade de pontes e bocas de túnel para elas, aliviando visualmente a região. Além disso o monte viabilizaria mais três coisas importantes: a valorização da ponte de concreto por conta da moldura visual que se cria atrás dela; a possibilidade de implantação de uma vila em um dos lados do morro e por último o relevo perfeito para um "véu da noiva" estrategicamente localizado atrás da ponte maior em concreto, formando enfim uma paisagem mais atraente que a original.
Com este desenho também foi possível entender qual será o "caráter" daquele canto (e quiça da maquete toda), percebendo que uma paisagem nacional é tão ou mais atraente que uma paisagem "importada", com uma geografia, geologia e uma flora típica da região sudeste do Brasil. Foi possível também entender quais materiais serão realmente utilizados e suas quantidades e até saber que tipo de acabamento dar ás bancadas.
Posso dizer categoricamente que sem uma simulação visual estas novas idéias dificilmente seriam aceitas. Isto porque a quantidade e a complexidade das modificações sugeridas eram difíceis de serem visualizadas usando-se apenas a imaginação. A AMFEC já está trabalhando para implantar as novas idéias e assim que tiver fotos irei postá-las aqui. Fique ligado.