Vivemos uma época maravilhosa no ferromodelismo. Não só a miniaturização dos modelos se tornou possível a níveis insanos, mas também o preço das miniaturas é muito mais acessível hoje do que foi há algumas décadas.
A possibilidade de manufaturar modelos cada vez menores a preços que o modelista pode pagar tornou possível a representação de ferrovias de bitola estreita em escalas pequenas, notadamente a H0, através da escala H0n3, representando ferrovias cuja bitola gira em torno de 1 metro.
Isso também afetou a escala N. Tradicionalmente o N sempre representou a bitola padrão, aliás, N vem de neun, nove em alemão, nove milímetros, que é a medida da bitola padrão na escala 1:160. Foi a primeira escala cujo nome estaria associado diretamente à medida da bitola.
Com a surgimento da escala Z, que modela a bitola padrão com trilhos de bitola de 6,5mm, modelistas da escala N logo perceberam que seria possível modelar a bitola estreita na escala N usando trilhos e material rodante da escala Z. A bitola de 6,5mm, quando usada em uma maquete na escala N, representaria ferrovias de bitola ao redor do 1 metro e se chamaria Nn3: N da escala 1:160, n de narrow (estreito em inglês) e 3 de três pés, a bitola estreita de 91,4 centímetros muito usada nos EUA do fim do século XIX à primeira metade do XX.
Este conceito rapidamente se difundiu entre alguns modelistas do mundo todo e os mais audazes resolveram testar as possibilidades desse novo horizonte e meteram mãos à massa. A idéia era simples: usar trilhos Z, chassis de locomotivas e rodeiros também Z (normalmente usa-se Maerklin) e modelar novas carcaças de locomotivas, carros e vagões na escala 1:160. O resultado foi surpreendente e convincente. Dos EUA ao Japão, passando pela Europa e Australia, é possível encontrar exemplos muito talentosos de maquetes na escala Nn3.
No Brasil ainda não encontrei um "louco" que tenha se aventurado por essas praias, mas já estou providenciando material para testar eu mesmo esta "nova" e excitante escala. Minha vida certamente será mais "simples" do que a daqueles pioneiros, já que vários fabricantes já aderiram ao Nn3. Há disponível no mercado, inclusive pela Internet, trilhos flexíveis, desvios, truques de carga e passageiros, kits de locomotivas, carros e vagões, engates automáticos tipo Kadee e material RTR. Os preços variam do muito barato ao extremamente caro.
Claro, material pronto pra rodar (RTR) custa muito caro, então a opção mais barata financeiramente é construir eu mesmo o material rodante. Aliás, esta é sempre minha opção, já que raramente encontro o que quero rodar já pronto para rodar... Num segundo artigo vou postar quais são meus planos e estratégias para esta escala.
Há também um incrível suporte para quem esta começando, através de um grupo de discussão no Yahoo e de um manual impresso, o Nn3 Handbook. O site www.nn3.org reúne uma série de links importantes para quem se interessa pela escala.